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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

ALCORÃO - imagem do arquivo NSFatima Natal
Cidade do Vaticano (AE) - A Santa Sé classificou como “indigno e grave” o plano de um pastor cristão norte-americano de queimar exemplares do Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos, no aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001. O escritório do Vaticano encarregado das relações com o Islã afirmou, em um comunicado duro, que todas as religiões merecem respeito e têm o direito de proteger seus livros sagrados, símbolos e locais de oração.

O Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso condenou os atentados terroristas, mas acrescentou que “não se pode responder a eles com um gesto indigno e grave contra um livro considerado sagrado por uma comunidade religiosa”.

O pastor Terry Jones, da pequena congregação Dove World Outreach Center, em Gainesville, na Flórida, garantiu que manterá sua ideia de queimar exemplares do Alcorão, apesar das críticas recebidas.

O Vaticano disse que a maneira correta de recordar o nono ano do ataque às Torres Gêmeas é oferecer solidariedade às vítimas e rezar por elas. Na véspera, o jornal oficial do Vaticano, L’Osservatore Romano, informou que cristãos de todo o mundo protestavam contra os planos de Jones. “Ninguém queima o Corão”, dizia o título do jornal.

Apesar da indignação, especialistas em Direito notaram que, legalmente, Jones não pode ser impedido nem punido por queimar um livro sagrado. A professora Ruthann Robson, que leciona Direito Constitucional na Universidade da Virgínia Ocidental, disse que esse ato só poderia ser proibido se incluísse a incitação à violência, o que não é o caso até o momento.

A Casa Branca, grupos muçulmanos, o comandante das tropas norte-americanas no Afeganistão e até a atriz Angelina Jolie condenaram os planos do pastor. Uma pequena igreja alemã que rompeu com a congregação de Jones em 2008 também condenou o protesto.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, denunciou o plano como “infame”. Funcionários da pequena cidade universitária de Gainesville, de pouco mais de 120 mil habitantes, encontraram-se ontem para se preparar para o ato, que deve mobilizar policiais e bombeiros no sábado.

Um porta-voz da prefeitura disse que os membros da igreja violarão o código que proíbe fogo ao ar livre. A punição prevista para isso é uma multa de US$ 250. O porta-voz disse, porém, que não está fora de questão prender os manifestantes. O protesto da obscura igreja evangélica, que declara ter apenas 50 membros, gerou atenção para a calma cidade situada no centro-norte da Flórida.

As Nações Unidas condenaram a ideia da igreja advertindo que civis e funcionários humanitários no Afeganistão podem ser mortos, caso o Alcorão seja queimado. A chefe das Relações Exteriores da União Europeia, Catherine Ashton, condenou os planos, enquanto o chefe da Liga Árabe, Amr Mussa, disse que Jones era um “fanático”.

A chanceler alemã, Angela Merkel, qualificou a iniciativa como “ignominiosa” e “simplesmente errada”. O presidente libanês, Michel Suleiman, também condenou a ideia.

Fonte: Tribuna do Norte

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