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terça-feira, 5 de outubro de 2010


TRÍDUO DE PREPARAÇÃO PARA O DIA DO NASCITURO.
Local: Paróquias e Comunidades

DIA DO NASCITURO – 8 DE OUTUBRO
Local: CATEDRAL METROPOLITANA – 18 horas

CELEBRAÇÃO PARA O TRÍDUO DA VIDA.
(1º Dia )


Preparando a celebração
Preparar o ambiente com coisas que traduzam vida: plantas, peixes (aquário), fotos, terra, sementes, flores naturais ... Além disso: Bíblia, vela, CDs, cantos que falem de vida etc.

Acolhida
D - Queridos irmãos e irmãs, sejam todos bem-vindos! Nossos bispos, em 2005, reunidos na 43a. Assembléia da Conferência dos Bispos do Brasil aprovaram e constituíram o Dia do Nascituro e a Semana da Vida. Desde então, vimos celebrando a Semana da Vida de 1 a 8 de outubro, terminando com a celebração do Dia do Nascituro. Muitos podem perguntar, mas quem é o Nascituro? O Nascituro é aquele ser humano que está no ventre materno antes que a mãe lhe dê à luz. Este possui o direito de ser respeitado na sua integridade, pois já possui dignidade como a de qualquer pessoa. À Igreja compete anunciar o Evangelho da Vida, a exemplo daquele que veio ao mundo para nos dar vida e vida em abundância (cf. Jo 10,10). Este ano o tema, definido pelo Setor Vida e Família da CNBB, nos leva a refletir sobre: “VIDA, ECOLOGIA HUMANA E MEIO AMBIENTE”. Peçamos a bênção de Deus para todos nós e proteção aos nascituros. Iniciemos a nossa celebração, traçando sobre nós o sinal da cruz.
T – EM NOME DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO. AMÉM.
Canto: Eu vim para que todos tenham vida
Refrão: Eu vi m para que todos tenham vida, Que todos tenham vida plenamente
1. Reconstrói a tua vida em comunhão com teu Senhor,/ Reconstrói a tua vida em comunhão com teu irmão./ Onde está o teu irmão, eu estou presente nele.
2. Eu passei fazendo o bem, eu curei todos os males,/ Hoje és minha presença junto a todo sofredor./ Onde sofre teu irmão, eu estou sofrendo nele.
3. Entreguei a minha vida pela salvação de todos,/ Reconstrói, protege a vida de indefesos e inocentes./ Onde morre o teu irmão, eu estou morrendo nele.
Momento Penitencial
D - Senhor, pelas vezes que não protegemos a vida no útero materno, tende piedade de nós.
T - SENHOR,TENDE PIEDADE DE NÓS!
D - Senhor, pelas vezes que não cultivamos a vida em nossas famílias, tende piedade de nós.
T - SENHOR,TENDE PIEDADE DE NÓS!
D - Senhor, pelas vezes que não reagimos com veemência quando se fala em favor do aborto, tende piedade de nós. T - SENHOR,TENDE PIEDADE DE NÓS!
Oremos
D - Deus,fonte da Vida, perdoai-nos porque temos sido omissos em defesa da vida. Dai-nos coragem para que, a exemplo de Jesus, fiquemos sempre ao lado dos mais fracos e cultivemos a vida como bem maior. Por Cristo, Nosso Senhor.
T – AMÉM.
D – Vamos aclamar o Evangelho:
Aleluia, Aleluia, a minh’alma abrirei. / Aleluia, Aleluia, Cristo é meu Rei! (2x)
Leitura Bíblica: Lc 1,39-45 (Ler pausadamente).
Refletindo a Palavra:
L1 - O texto nos relata o encontro de Maria com Isabel, onde ambas estão grávidas. Este encontro entre Isabel e Maria é o melhor modelo do valor da pessoa desde sua concepção.
L2 - "Isabel foi a primeira a escutar a voz, mas João foi o primeiro a pressentir a graça. Aquela escutou segundo a ordem da natureza; João exultou em virtude do mistério. Ela apreendeu a chegada de Maria; este a do Senhor. A mulher ouviu a voz da mulher, o menino sentiu a presença do Filho. As mulheres proclamam a graça de Deus e as crianças realizam-na." (E.V. 45).
L1 - Ambas as crianças têm uma missão a cumprir. Jesus, a revelação plena de Deus é o Redentor da humanidade. Dará sua vida em favor de todos, abrindo as portas do céu para nós. Trará vida plena e abundante aos excluídos da sociedade. Mostrará o valor insondável do ser humano, recolocando cada coisa em seu devido lugar. Resgatará a vida em todos os momentos de sua missão.
L2 - Por isso, somos todos chamados a refletir neste tempo de ataques violentos contra a vida, principalmente a do ser mais indefeso, o nascituro. Paira sobre ele a ameaça do aborto, proposto como um direito universal.
L1 - A ciência nos explica que o início da vida se dá na fecundação, segundo Jérôme Lejeune, que dedicou toda sua vida ao estudo da genética fundamental. A fecundação é o marco do início da vida, ele diz. E daí para frente, qualquer método artificial para destruir esse novo ser humano é um assassinato.
L2 - Então, é lógico que o cristão defenda a vida, quer dentro do seio materno, quer fora dele. A posição do cristão é claríssima: se existe vida, tem de ser defendida.
Reflita:
1. “Aborto é uma vergonha para a cultura moderna”, alerta-nos D. Karl Romer. Na qualidade de cristão, como tenho me posicionado diante deste fato?
2. Valorizo a vida do nascituro?
3. A vida nos foi dada por Deus. - Tenho valorizado minha vida?
D – Os lares devem ser ninhos de vida. “Fica conosco, Senhor, pois cai a tarde e o dia já declina” (Lc 24, 29). “Fica em nossas famílias, ilumina-as em suas dúvidas, sustenta-as em suas dificuldades, consola-as em seus sofrimentos e no cansaço de cada dia, quando ao redor delas se acumulam sombras que ameaçam sua unidade e sua natureza. Tu que és a vida, fica em nossos lares, para que continuem sendo ninhos onde nasça a vida humana abundante e generosamente, onde se acolha, se ame, se respeite a vida desde a sua concepção até seu término natural” (D.A.554).
Apresentemos a Deus as nossas preces:
D - A cada invocação respondamos: Senhor, ensina-nos a valorizar a vida!
1. Para que saibamos defender a vida em todos seus estágios e de modo particular, a vida do Nascituro, peçamos:
2. Para que sejamos capazes de reconhecer Jesus como Caminho, Verdade e Vida, peçamos:
3. Para que reconheçamos a criação como obra do amor divino e a valorizemos, peçamos:
4. Para que a exemplo de Maria e Isabel, todas as mães acolham com amor e ternura seus nascituros, peçamos:
5. Para que todos os cristãos sejam promotores da vida, seguindo os passos de Jesus, peçamos:
(Preces espontâneas)
Oração
D - Acolhe, Ó Pai, nossos pedidos, por Cristo, Nosso Senhor. T - AMÉM.
Abraço da Paz
D - Na alegria de filhos e filhas do Deus da Paz, saudemo-nos uns aos outros em Cristo.
Gesto concreto
(Pode ser feito algum gesto concreto em cada Comunidade, de acordo com a realidade de cada uma. O importante é que haja uma manifestação em favor da vida.)
Bênção Final. (Se houver mulheres grávidas, chamá-las à frente, dando uma bênção especial.)
D - Estivemos reunidos em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
T - AMÉM.

CELEBRAÇÃO PARA O TRÍDUO DA VIDA.
(2º Dia )

Acolhida
D – Queridos irmãos e irmãs, sejam todos benvindos! Como o tema proposto para este ano é “Vida, ecologia humana e meio ambiente”, hoje vamos nos voltar para a expressão “Ecologia Humana”.
Oração Inicial
T - Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Canto: Hino da CF/2008.
1. Com carinho, desenhei este planeta;/ Com cuidado, aqui plantei o meu jardim./ Com alegria, Eu sonhei um paraíso,/ Para a vida dom de amor que não tem fim.
Refrão: Ponho, então, à tua frente / Dois caminhos diferentes: / Vida e morte, e escolherás. /
Sê sensato: escolhe a vida! /Parte o pão, cura as feridas! / Sê fraterno e viverás.
2. Fiz o homem e a mulher à minha imagem; Por amor e para o amor Eu os criei./ Com meu povo celebrei uma aliança./ O caminho da justiça Eu ensinei.
3. Com tristeza vejo a vida desprezada, / Nos meus filhos e em toda a natureza./ Me entristece tantas vidas abortadas./ Dói em Mim a violência e a pobreza.
4. Pelas margens desta vida há tanta gente/ Que implora por justiça e dignidade./ Respeitar, cuidar da vida é o que te peço; / Vai! Transforma a tua fé em caridade!
D – Quando a Igreja fala em Ecologia Humana não se trata de modismo, mas um pensar a vida como sempre fez e faz. E não poderia ser diferente, tendo em vista a auto-proclamação de Jesus Cristo: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo.14,6); “Eu vim para que todos tenham vida e vida plena...” (Jo.10,10).
T - Cantar o Refrão: Eu vim para que todos tenham vida,/ Que todos tenham vida plenamente.
D – Nem mesmo a questão do meio ambiente passou desapercebida pela Igreja, uma vez que o tema da criação jamais esteve fora do seu discurso e da sua prática.
L1 –“No principio Deus criou os céus e a terra”(Gn,1,1); “O Senhor Deus formou, pois o homem do barro da terra, e inspirou-lhe um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente”(Gn.2,7).
L2 – “O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e guardar” (Gn.2.15).
D – Jesus Cristo mostrou-se sempre interessado pela obra da criação: “Olhai as aves do Céu, olhai os lírios do campo”(Mt 6,26.28). Afinal, a Igreja não pode senão imitar a Cristo, o Verbo de Deus, por quem “tudo foi feito” e nada foi feito sem Ele(Jo 1,3).
L1 - A vida sempre foi objeto do pensar da Igreja. Talvez a novidade exista na reflexão sobre “Ecologia Humana”, pois a primeira vez que essa expressão foi utilizada pelo Magistério da Igreja se deu em 1º de maio de 1991.
L2 – A ecologia humana, de acordo com o Magistério do saudoso Papa João Paulo II, significa uma atenção voltada para a preservação da dignidade humana. Isto é, para a preservação, no homem, daquilo que é especificamente humano, capaz de impedir que o homem vire um animal a devorar um ao outro.
D – Vamos acolher com alegria a palavra de Deus cantando: É como chuva que lava.
É como chuva que lava, / é como fogo que arrasa, / 
Tua palavra é assim, / Não passa por mim sem deixar um sinal.  
D – Evangelho: (Jo 15, 12-17). 
D – Refletindo a palavra: 
1. O que nos ensina o texto sagrado que acabamos de ouvir? 
2. Essa mensagem é vivida na família e na comunidade? 
L1 – A primeira e fundamental estrutura a favor da ecologia humana é a família, no seio da qual o homem recebe as primeiras e determinantes noções acerca da verdade e do bem, aprende o que significa amar e ser amado e, consequentemente, o que quer dizer, ser em concreto, uma pessoa (João Paulo II).  
L2 – A família fundada no matrimônio, onde a doação recíproca de si mesmo, por parte do homem e da mulher, cria um ambiente vital onde a criança pode nascer e desenvolver suas potencialidades, tornar-se consciente da sua dignidade e preparar-se para enfrentar a vida com os desafios que lhe são próprios. 
D – Depois de acolhida com amor, a criança deve ser educada, tutelada e promovida em todos os aspectos de seu desenvolvimento, de modo a atingir a devida maturidade humana. 
L1 – O homem não aprende a amar, se não é amado. Por isso, é necessário um esforço comum por uma ecologia humana, isto é, para que se estabeleça, mediante a colaboração de todos, um ambiente favorável à pessoa e ao seu desenvolvimento. 
L2 – É necessário voltar a considerar a família como Santuário da Vida. De fato, ela é sagrada: é o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser convenientemente acolhida e protegida contra os múltiplos ataques a que está exposta, e pode desenvolver-se segundo as exigências de um crescimento humano autêntico. Contra a denominada cultura da morte, a família constitui a sede da Cultura da Vida.  
L1 – Defender e promover, venerar e amar a vida é tarefa que Deus confia a cada homem, ao chamá-lo, enquanto sua imagem viva a participar no domínio que ele tem sobre o mundo; Abençoando-os, Deus disse: “Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra ...” (EV 42).
Oração Final: 
D – Como a família é a primeira responsável pela ecologia humana, cantemos:
Oração pela Família.

CELEBRAÇÃO PARA O TRÍDUO DA VIDA.
(3º Dia )

Acolhida: D – Hoje, no nosso encontro vamos falar de Meio Ambiente.
Oração Inicial 
D – Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém. 
D – Comecemos nossa reflexão iluminados pela palavra de Deus: Gn 1, 26-30.
Canto: Eu vim para escutar Tua palavra, / Tua palavra, Tua palavra de amor.
Eu gosto de escutar Tua palavra, / Tua palavra, Tua palavra de amor. 
L1 – Leitura do texto. 
L2 – O texto bíblico manifesta claramente a amplitude e profundidade do domínio que Deus concede ao homem. Trata-se de domínio sobre a terra e sobre todo ser vivo. 
D – Diz o Livro da Sabedoria: “Deus dos nossos pais e Senhor de misericórdia ... formastes o homem pela vossa sabedoria, para dominar sobre as criaturas a quem destes a vida, para governar o mundo com santidade e justiça” (9,1.2-3). 
L1 – Chamado a cultivar e guardar o jardim do mundo (Gn 2,15), o homem detém uma responsabilidade específica sobre o ambiente de vida, ou seja, sobre a criação que Deus colocou a serviço de sua dignidade pessoal, da sua vida. Isto não só em relação ao presente, mas também às gerações futuras. 
L2 – É a questão ecológica – desde a preservação do “lugar” natural das diversas espécies animais e das várias formas de vida, até à “Ecologia Humana” propriamente dita. 
D – Na realidade o domínio conferido ao homem pelo Criador não é um poder absoluto, nem se pode falar de liberdade de “usar e abusar”, ou dispor das coisas como melhor agrade. 
L1 – A limitação imposta pelo mesmo Criador, desde o princípio, e expressa simbolicamente com a proibição de “comer o fruto da árvore” (Gn 2,16-17), mostra com suficiente clareza que, nas relações com a natureza visível, estamos sujeitos a leis, que não podem ser impunemente transgredidas. 
L2 – Estas declarações sobre meio ambiente estão contidas na Carta “Evangelho da Vida” do Papa João Paulo II.
Canto: Hino da CF- 2008. 
1. Com carinho, desenhei este planeta;/ Com cuidado, aqui plantei o meu jardim./ Com alegria, Eu sonhei um paraíso,/ Para a vida dom de amor que não tem fim.
Refrão: Ponho, então, à tua frente / Dois caminhos diferentes: / Vida e morte, e escolherás. /
Sê sensato: escolhe a vida! /Parte o pão, cura as feridas! / Sê fraterno e viverás.  
2. Fiz o homem e a mulher à minha imagem; Por amor e para o amor Eu os criei./ Com meu povo celebrei uma aliança./ O caminho da justiça Eu ensinei. 
3. Com tristeza vejo a vida desprezada, / Nos meus filhos e em toda a natureza./ Me entristece tantas vidas abortadas./ Dói em Mim a violência e a pobreza. 
4. Pelas margens desta vida há tanta gente/ Que implora por justiça e dignidade./
Respeitar, cuidar da vida é o que te peço; / Vai! Transforma a tua fé em caridade! 
D – Há muito tempo a Igreja Católica, pelo Magistério dos Papas tem alertado para a necessidade de mudanças no cenário de desrespeito e vandalismos no tratamento da natureza. 
L1 – O Papa Paulo VI já insistia que “por motivo de uma exploração descontrolada da natureza, o homem começa a correr o risco de destruí-la e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação”. 
L2 - Dizia ainda, numa observação de cunho profético: “Não só o ambiente material se torna uma ameaça permanente – poluições, lixo, novas doenças, poder destruidor absoluto – mas é o próprio contexto humano que o homem não consegue dominar, criando assim, para o dia de amanhã, um ambiente global que se lhe poderá tornar insuportável. Problema social de grande envergadura que diz respeito à inteira família humana.  
D – Atualmente, nos alerta o Papa Bento XVI: “não é outro o cenário mundial, exigindo uma postura diferente dos cidadãos e também um investimento fortíssimo na consciência ecológica, que não deve considerar simplesmente a natureza em si mesma, mas articular esta consideração com a própria condição humana.”  
L1 – A degradação ambiental atinge frontalmente a família humana inteira. Hoje, já se fala em refugiados ambientais: pessoas que, em razão da degradação do ambiente onde vivem, se veem obrigadas a abandoná-lo, perdendo os seus bens, suas tradições e os elementos que constituem sua identidade. 
L2 – As conseqüências do desrespeito ao ambiente – jogar lixo ou objetos nas vias públicas, rios, praias, desmatamentos desordenados, etc -- são visíveis e nos atingem diretamente, principalmente naquilo que nos é tão caro – a saúde, a qualidade de vida.  
D – É cada vez mais claro que o tema da degradação ambiental põe em questão os comportamentos de cada um de nós, os estilos de vida e os modelos de consumo e de produção hoje dominante, muitas vezes insustentáveis do ponto de vista social, ambiental e até econômico. 
L1 – Torna-se indispensável uma real mudança de mentalidade que leve a todos a adotarem novos estilos de vida, nos quais a busca do verdadeiro, do belo e do bom e a comunhão com os outros homens, em ordem ao crescimento comum, sejam os elementos que determinam as opções do consumo, da poupança e do investimento. 
L2 – Os esforços precisam se multiplicar, em programas grandes e pequenos, para que uma profunda renovação cultural ocorra. O remédio para a crise ecológica não pode ser simplesmente aplicado na natureza. É preciso redescobrir aqueles valores que constituem o alicerce firme para construir um futuro melhor para todos.

D - Reflitamos:
1. Diante de tudo isso o que posso fazer?
2. E a nossa Comunidade?

Oração Final: Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai...
Canto: Louvado seja o meu Senhor (5x).
 
1. Por todas suas criaturas, pelo sol e pela lua. /
Pelas estrelas no firmamento, pela água e pelo fogo.
 
2. Por aqueles que agora são felizes, por aqueles que agora choram, /
Por aqueles que agora nascem, / Por aqueles que agora morrem.
 
3. O que dá sentido à vida é amar-Te e louvar-Te. /
Para que a nossa vida seja sempre uma canção.
 
TEXTOS REFLEXIVOS
APARECIDA FALA DA VIDA
1º Dia

Aparecida fala sistematicamente da vida. Em um primeiro instante, o Documento aprecia a vida que os povos latino-americanos hoje vivem (1ª Parte). Depois reflete sobre a vida de Jesus Cristo nos seus discípulos e missionários (2ª Parte), especialmente aqueles que povoam os continentes americanos. Por fim, busca precisar aquilo que a vida de Jesus Cristo significa para os povos da América, notadamente a América Latina (3ª Parte).

Consoante anotam os bispos integrantes do CELAM (n. 20), a reflexão contida na lª Parte do Documento de Aparecida segue o “caminho das Igrejas da América Latina e do Caribe”, cuja atual experiência histórica se dá “em meio a luzes e sombras de nosso tempo”. Dentre elas são contadas “as grandes mudanças” ocorrentes nos várias latitudes continentais, que “afligem”, embora “não confundam”, os bispos latino-americanos. E tanto os prelados americanos não se confundem que estão seguros de, “como discípulos de Jesus Cristo,... (se sentirem) .... desafiados a discernir os sinais dos tempos, à luz do Espírito Santo, para ... (se colocarem) ... a serviço do Reino, anunciado por Jesus, que veio para que todos tenham vida e “para que a tenham em plenitude” (Jo 10,10). (vr. nº 33)

Tais mudanças se operam à maneira de desafios, seja por força das situações sócio-cultural e sócio-econômica em que se acham os povos da América; seja em razão da dimensão sócio-política que esses mesmos povos experimentam. Como se não bastasse, saltam-lhes aos olhos os dramas concentrados em grandes regiões, como a Amazônia e a Antártida, espaços geográficos onde mais crescem problemas ecológicos e ambientais, fazendo-se todos esses problemas mais angustiantes, à proporção em que povos indígenas e afrodescendentes sofrem com o desrespeito à dignidade humana e ao criado onde se inserem os homens.

Ora, vale sempre a lembrança de que a missão da Igreja é evangelizar (n. 30). E que o Evangelho de Jesus Cristo não é senão uma “Boa Nova” a ser transmitida por discípulos missionários, segundo resta precisado pelo evangelista Mateus. Com efeito, “A Igreja está a serviço de todos os seres humanos, filhos e filhas de Deus.” (n. 32), donde não ser por outra razão que (n. 143) todos os cristãos foram enviados a anunciar o Evangelho da Vida.
A Boa Nova da vida consiste em ser Jesus a própria vida (Eu sou o caminho, a verdade e a vida - Jo 14:6). A Boa Nova da vida consiste em ter Jesus se encarnado para dar vida aos homens (Eu vim para que todos tenham vida e a tenham plenamente – Jo 10:10). A Boa Nova da vida consiste no fato de Jesus, como prova de amor, ter entregue sua própria vida em favor dos homens. (João 15. 13).
 
Em razão dessa Boa Nova, os bispos americanos, reunidos em Aparecida, não apenas louvaram a Deus (n. 106), como ainda conclamam a que todos façam o mesmo, estendendo ao Senhor da vida uma grande, grata e reverente aclamação pelo “dom” que Ele faz aos homens, chamando-os a existência; pelo “dom” que Ele fez aos homens, dando-lhes a conhecer no rosto do Filho seu próprio rosto (Col 1:15); pelo “dom” que o Senhor fará sempre aos homens, permitindo-lhes, ao inscrever em seus corações a lei natural (Rm 2,14-15) a descoberta do “valor” sagrado que porta a vida humana, do seu início, com a fecundação, ao seu fim, com a morte natural, de modo a ser afirmado o direito - que cada ser humano é titular - de ver respeitado integralmente este seu bem primário (n. 108). A idéia de que a vida é um “valor” não a mostra apenas como algo valioso e digno, senão que também como algo intocável, inabordável, sagrado. A sacralidade da vida, pois, significa que ninguém tem o poder de a tirar de qualquer outro homem.

Dom e valor, a vida humana também é compromisso de todo homem. A Igreja não deixa que seus filhos se esqueçam dessa verdade. Tanto assim, que a docência de João Paulo II brindou o século com uma notável encíclica (Evangelium vitae), onde o bem aventurado pontífice incentiva os homens de boa-vontade a sempre cuidarem da vida humana e por ela continuamente louvarem a Deus.

Preocupada com o respeito devido à vida, a Igreja fez por ela uma opção (n. 417). Esta opção, insiste o Documento de Aparecida, projeta a todos “para as periferias mais profundas da existência: o nascer e o morrer, a criança e o idoso, o sadio e o enfermo”, pois, como já considerava Santo Irineu, no século II, “a glória de Deus é o homem vivente”.

Tal opção se configura em significativas passagens do Documento de Aparecida:

1ª) A prioridade da vida. “Nossa prioridade pela vida e pela família, carregadas de problemáticas que são debatidas nas questões éticas e na bioética, nos urge a iluminá-las com o Evangelho e o Magistério da Igreja” (n. 466) Por prioridade da vida há de ser entendido que a vida é o bem primário (básico) e o valor mais importante de quantos bens e valores existam.

2ª) O Projeto de vida formulado por Deus. “Deus Pai sai de si para nos chamar a participar de sua vida e de sua glória. Mediante Israel, povo que fez seu, Deus nos revela seu projeto de vida.”(n. 129) Esse chamado Deus o realiza em Jesus (n. 130): “Nestes últimos tempos, Ele nos tem falado por meio de seu Filho Jesus (Hb 1,1ss), com quem chega a plenitude dos tempos (cf. Gl 4,4). Deus, que é Santo e nos ama, nos chama por meio de Jesus a sermos santos (cf. Ef 1,4-5).” No projeto de Deus, a vida humana assume em Cristo um aspecto divino, de modo a poder ganhar uma transcendência de eternidade. Eis porque os discípulos de Jesus e seus missionários devem promover a vida e estar sempre a seu serviço.

3ª) O Evangelho da Vida. É desejo dos bispos que os cristãos dos continentes se decidam a “apoiar ....... a Igreja ..., para que continue proclamando o evangelho da vida” (n. 475). Afinal, o evangelho da vida consiste no anúncio de ter o Cristo, por amor, dignificado a vida humana e, por graça, chamado os homens a serem “profetas da vida” (n. 471), ou seja, anunciadores de dignidade e defensores da sacralidade qualificadoras da vida humana..

4ª) A Cultura da vida: sua proclamação e sua defesa. “Os desejos de vida, paz, fraternidade e felicidade não encontram resposta em meio aos ídolos do lucro e da eficácia, da insensibilidade frente ao sofrimento alheio, aos ataques à vida intra-uterina, à mortalidade infantil, à deterioração de alguns hospitais e a todas as modalidades de violência contra crianças, jovens, homens e mulheres. Isso sublinha a importância da luta pela vida e pela dignidade e integridade da pessoa humana. A defesa fundamental da dignidade e desses valores começa na família” (n. 468). Proclamar e defender a vida traduz os esforços despendidos em fazer com que a vida na terra seja cada vez mais humana, mais digna, mais feliz

5ª) O Reino da Vida: Jesus a serviço da vida. “ Jesus, o Bom Pastor, quer comunicar-nos a sua vida e colocar-se a serviço da vida. Vemos como ele se aproxima do cego no caminho (cf. Mc 10,46-52), quando dignifica a samaritana (cf. Jo 4,7-26), quando cura os enfermos (cf. Mt 11,2-6), quando alimenta o povo faminto (cf. Mc 6,30-44), quando liberta os endemoninhados (cf. Mc 5,1-20). Em seu Reino de vida, Jesus inclui a todos: come e bebe com os pecadores (cf. Mc 2,16), sem se importar que o tratem como comilão e bêbado (cf. Mt 11,19); toca com as mãos os leprosos (cf. Lc 5,13), deixa que uma prostituta lhe unja os pés (cf. Lc 7,36-50) e, de noite, recebe Nicodemos para convidá-lo a nascer de novo (cf. Jo 3,1-15). Igualmente, convida seus discípulos à reconciliação (cf. Mt 5,24), ao amor pelos inimigos (cf. Mt 5,44) e a optarem pelos mais pobres (cf. Lc 14,15-24) (n. 353)

6ª) Os lares devem ser ninhos de Vida. Fica conosco, Senhor, pois cai a tarde e o dia já declina” (Lc 24,29). “Fica em nossas famílias, ilumina-as em suas dúvidas, sustenta-as em suas dificuldades, consola-as em seus sofrimentos e no cansaço de cada dia, quando ao redor delas se acumulam sombras que ameaçam sua unidade e sua natureza. Tu que és a Vida, fica em nossos lares, para que continuem sendo ninhos onde nasça a vida humana abundante e generosamente, onde se acolha, se ame, se respeite a vida desde a sua concepção até seu término natural.” (n. 554)

7ª) A vida nova em Cristo. “Não temam! Abram, abram de par em par as portas a Cristo!... Quem deixa Cristo entrar não perde nada, nada – absolutamente nada – do que faz a vida livre, bela e grande. Não! Só com esta amizade abrem-se as portas da vida. Só com esta amizade abrem-se realmente as grandes potencialidades da condição humana. Só com esta amizade experimentamos o que é belo e o que nos liberta... Não tenham medo de Cristo! Ele não tira nada e dá tudo. Quem se dá a Ele, recebe cem por um. Sim, abram, abram de par em par as portas a Cristo e encontrarão a verdadeira vida” (n. 15). “Jesus convida a nos encontrar com Ele e a que nos vinculemos estreitamente a Ele, porque é a fonte da vida (cf. Jo 15,1-5) e só Ele tem palavras de vida eterna (cf. Jo 6,68) [n. 131]

8ª) Os discípulos missionários a serviço da vida. “A Diocese, presidida pelo Bispo, é o primeiro espaço da comunhão e da missão. Ele deve estimular e conduzir uma ação pastoral orgânica renovada e vigorosa, de maneira que a variedade de carismas, ministérios, serviços e organizações se orientem no mesmo projeto missionário para comunicar vida ... (n. 169). “Na celebração eucarística, ... (a comunidade paroquial) ... renova sua vida em Cristo. A Eucaristia, na qual se fortalece a comunidade dos discípulos, é .... uma escola de vida cristã. (n. 175). A finalidade da missão é a salvação, a promoção humana, o serviço à vida. O serviço à vida é qualquer trabalho realizado no sentido de se plenificar a vida. E conforme o Documento de Aparecida, “a vida se acrescenta dando-a, e se enfraquece no isolamento e na comodidade. De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam à margem a segurança e se apaixonam pela missão de comunicar vida aos demais. O Evangelho nos ajuda a descobrir que o cuidado enfermiço da própria vida depõe contra a qualidade humana e cristã dessa mesma vida. Vive-se muito melhor quando temos liberdade interior para doá-la: “Quem aprecia sua vida terrena, a perderá” (Jo 12,25). Aqui descobrimos outra profunda lei da realidade: “Que a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros. Isso é, definitivamente, a missão” (n. 360).

Porque proclama e defende a cultura da vida, Aparecida aponta para as agressões que construtores da cultura da morte dirigem contra a vida, no desejo de os homens de boa-vontade buscarem evitá-las ou suprimi-las (ns. 109-113). São elas a degradação da natureza, a exclusão social, as estruturas de morte, a idolatria do ter-poder-prazer, a falta de sentido da vida, a despersonalização, o desespero, o individualismo, o subjetivismo, o aborto e a eutanásia, as drogas, a globalização, a violência.

Nossos povos têm sede de vida (n. 359). Não apenas uma vida individual. Também uma vida comunitária. Outra não é a razão para o DA apontar que a vida em comunidade é essencial à vocação cristã (n. 164). E isso seguramente é verdade, tendo em vista a assertiva segundo a qual “a vida em Cristo inclui a alegria de comer juntos, de progredir, de trabalhar, como também a alegria de servir os pobres, ter contato com a natureza, viver a sexualidade segundo o Evangelho (n 356)”.

Por derradeiro, Aparecida segue a trilha de Jesus, quando afirma que “a vida cresce ao ser doada ...., (pois)... dar a vida é definitivamente a missão” (n. 360) de todo discípulo.

JOÃO PAULO II FALA EM ECOLOGIA HUMANA
2º Dia

A família, ao lado de um aspecto misterioso ou invisível, também possui um aspecto visível. Para se bem poder defini-lo, busque-se apoio na encíclica Centesimus annus, com que o Papa João Paulo II celebra o centésimo aniversário da encíclica Rerum Novarum, editada pelo venerando Papa Leão XIII. Na Centesimus annus é dada uma das mais precisas e preciosas respostas à questão em que consiste a família. O autor desse documento é suficientemente afirmativo: “A primeira e fundamental estrutura a favor da ‘ecologia humana’ é a família, no seio da qual o homem recebe as primeiras e determinantes noções acerca da verdade e do bem, aprende o que significa amar e ser amado e, finalmente, passa a saber o que é ser concretamente uma pessoa. Entenda-se por família, no entanto, aquela fundada no matrimônio, onde o dom recíproco de si, por parte do homem e da mulher, cria um ambiente vivo, no qual a criança pode nascer e desenvolver suas potencialidades, tornar-se consciente da sua dignidade e se preparar para enfrentar o seu único e irrepetível destino (n. 39).
 
Essa ideia também comparece na alocução dirigida por João Paulo II a peregrinos da Diocese de Prato, Itália, no dia 27 de setembro de 1986, oportunidade em que o Papa assevera que o bem do homem e da sociedade “pressupõe o instituto da família, fundada sob o matrimônio e vivida como comunidade de amor entre os cônjuges e os filhos”. Mais explícita, ainda, é a fala que ele pronunciou em discurso proferido, no dia 15 de novembro de 1991, ante lideranças dos Movimentos Internacionais Pro-Vita, lastimando a existência de uma mentalidade desumana e aberrante que, por conseqüência, se revela anti-vida. São palavras textuais do Santo Padre: “Depois de acolhida, a criança deve ser educada, tutelada e promovida em todos os aspectos de seu desenvolvimento, de modo a poder atingir a devida maturidade humana. Com efeito, o homem não logra nem ao menos saber quem é, pelo contrário, se tornando ele próprio um mistério insolúvel, se não aprende a amar e se não se sente amado. Desse modo, torna-se exigente um esforço comum por uma ecologia humana, isto é, para que se estabeleça, mediante a colaboração de todos, um ambiente favorável à pessoa e ao seu desenvolvimento.”
 
Vale notar, entretanto, que a expressão ecologia humana, o Papa a inventa na encíclica Centesimus annus, (ns. 38 e 39), para repeti-la depois na encíclica Evangelium vitae. (n. 42). Parece, então, que a ideia de uma “autêntica” e “propriamente dita” ecologia humana tanto serve de impulso, como de sustento para Sua Santidade. Não é por outro motivo que ele jamais se cansou de ver na família a primeira e fundamental célula da sociedade.
Mais do que um auspício, cada palavra que JOÃO PAULO II profere sobre a família é empenho pessoal, uma porfia contínua e sem trégua. E eis que não bastando, lá está ele, humilde, mas audaciosa e determinadamente, sempre conclamando a cada um e a todos os homens a que façam o mesmo. E, ao fazerem, considerem a família como instituição.
 
Uma família de onde se exclui o dado institucional não é compatível com o Plano de Deus. Segundo Giorgio Campanini, notável intelectual italiano do tempo presente, a “...dimensão institucional da família deriva do gesto que a funda (em caso de ter existido esse fundamento), ou seja, do matrimônio como instituição .... Através do gesto público de se casar diante da Igreja e da Sociedade, o sentimento de amor entre homem e mulher – e a vontade que ambos experimentam de instaurar uma estável comunhão de vida – se comunica e se manifesta a toda a sociedade e abandona, conseqüentemente, a esfera da exclusiva privacidade”. Por que isso acontece? Quem responde é ainda Giorgio Campanini, no seu livro Il Sacramento antico..., p. 21: “nem todo vínculo estabelecido entre um casal e nem todo gesto procriativo encontram lugar, a título pleno, na história da salvação. Encontram somente aqueles vínculos e aqueles gestos que assumem e acolhem uma dimensão institucional e aceitam se colocar no plano da unidade, da vontade de duração, do empenho de fidelidade recíproca, de serviço responsável à vida”.
 
O mesmo também parece dizer João Paulo II na Carta que, de maneira corajosa e profética, dirigiu a todos os chefes de Estado dos países participantes da Conferência do Cairo, em 1994 (“uma instituição natural tão fundamental e universal como a família não pode ser manipulada por quem quer que seja”).
 
Tratar a família como instituição natural ou fazer referência a modelo natural de família não é pronunciar um discurso singelo e vazio de complexidade. Nem tampouco isso representa horror ao antigo ou amor pelas coisas velhas, como pareciam admitir, nos anos 70, os ideólogos da morte da família; e parecem admitir, hoje, os seguidores das correntes mais radicais de exaltação do pensamento científico-tecnológico, aqueles que preconizam, por força do progresso experimentado pela ciência e pela tecnologia, o advento de uma civilização do produto e do prazer. Bem ao contrário, isso quer ser o testemunho de quanto resplandece a verdade e do quanto “a paralisia do espírito” (Romano Guardini, La fine dell’epoca moderna, Il potere. p. 175) toma corpo nos dias atuais.
 
Com efeito, propostas teóricas ainda ecoam, quarenta anos são passados, nos sofisticados ambientes acadêmicos; nos plenários das assembléias políticas e dos tribunais judiciários, não importando a esfera de suas posições (nacionais, internacionais ou multinacionais); nos mausoléus de onde parecem despertos os fantasmas de Morgan, de Freud e de Engels. Um eco a que JOÃO PAULO II responde com palavras da Encíclica Veritatis splendor: “existe algo que transcende as culturas e esse algo é precisamente a natureza humana, medida de todas as culturas e condição para que o homem não se deixe aprisionar por nenhuma cultura, mas para que afirme sua dignidade pessoal em uma vida conforme a verdade profunda do seu próprio ser”. (n. 53)
Finalmente, tenha-se que, além de não ser uma invenção eclesiástica, “a instituição matrimonial não é uma ingerência indébita da sociedade ou da autoridade, nem a imposição intrínseca de uma forma, mas é a exigência interior de um pacto de amor conjugal que publicamente se afirma como único e exclusivo; exigência a ser vivida na plena fidelidade ao plano de Deus Criador”. (Sergio Belardinell, Il gioco delle parti, p. 99/100). E ninguém esqueça lição ministrada por Sua Santidade, o Papa João Paulo II. No seu dizer, “tal fidelidade, longe de mortificar a liberdade da pessoa, pondo-a a salvo de todo subjetivismo e relativismo, ainda a faz participante da Sabedoria criadora”. (Familiaris Consortio, n. 11).
 
É fora de dúvida que, desde Aristóteles, a família “sempre foi considerada a primeira e fundamental expressão da natureza social do homem”, como assegura JOÃO PAULO II em sua Carta às Famílias (Gratissimam sane, n. 7). Com efeito, sequencia ele no mesmo texto, a família “é uma comunidade de pessoas, para as quais o modo próprio de existir e conviver é a comunhão: communio personarum”. Mas eis que aqui, no entender de Sua Santidade, brota a exigência de se esclarecerem os significados de comunhão e de comunidade, tendo ele mesmo se encarregado de os aclarar, garantindo que por comunhão se deve entender “a relação pessoal entre o ‘eu’ e o ‘tu’”, e testemunhando que a palavra comunidade “supera esse esquema, (caminhando) na direção de uma ‘sociedade’, de um ‘nós’”.
 
Elucidados os dois conceitos, atente-se para novo esclarecimento prestado pelo subscritor da mesma Carta, na passagem onde afirma que “ela (a família) surge com a realização do pacto matrimonial, que permite aos cônjuges se abrirem para uma perene comunhão de amor e de vida, e se completa, plena e especificamente, com a geração dos filhos”; ou no passo em que ele, à maneira de síntese, assevera que “a comunhão dos cônjuges dá início à comunidade familiar”, o que equivale a enunciar que “a comunidade familiar é invadida por aquilo que constitui a essência da comunhão”.7
 
Sendo comunhão a relação pessoal entre um “eu” e um “tu”, onde mora a sua essência? Para descobrir essa morada, urge renovar a consciência de que cada ser humano está à procura de alguém com quem possa se unir e constituir um “nós”. Até que o encontre, ele sofre. O sofrimento, assim, é o proprium da solidão. Eis porque Deus disse que não era bom estivesse o homem sozinho. E eis porque o homem deseja (não se confundem desejo e necessidade) o encontro. Na solidão a identidade humana é golpeada. E se na solidão o homem morre, libertar-se da solidão é se libertar da morte. Assim, última razão para o homem desejar o encontro é que apenas no encontro ele pode viver. Apenas no encontro ele poder ser o que deve ser.
 
Veja-se que entre pessoas humanas duas são as possibilidades de encontro. Primeira é aquela ocorrente no encontro do homem com o Outro (Deus); depois, a possibilidade de se encontrar o homem com um outro. A dinâmica de qualquer dos dois encontros, porém, se expressa através da contemplação. Quando, por exemplo, o homem contempla Deus, acontece de ele se transformar em um “sacrário” (=lugar onde se revela o sacro). E quando, ainda exemplificativamente, o marido contempla sua mulher, ele se torna sacrário, lugar onde se revela o “sacro” que ela é. Ora, o vocábulo “sacro” quer representar a identidade de um ser, o verum e o bonum nele existentes. Então, ao contemplar sua mulher o marido se torna o verum e o bonum que ela revela na sua identidade. Ou, em outras palavras: ela se revela a ele como verum et bonum para ele. Ele, então, pode exclamar: “Esta sim, é carne da minha carne e osso dos meus ossos” (Gen 2;23) Ele, então, pode dizer: eu sou “tu” e tu és “eu”. Somos os dois um só.
 
O verdadeiro encontro, porém, só acontece quando um e outro se revelam mutuamente. Quando os dois se mostram um ao outro, deixando-se conhecer. Quando os dois se doam um ao outro. E com essa doação tem início um radiante novo mundo, pois quem vive no encontro vive na manhã da criação. Adão, segundo a narrativa bíblica, tendo despertado do sono, contempla Eva, que a ele se manifesta, que a ele se revela. Surpreendido (cada encontro é uma surpresa), ele passa a dar-lhe (a Eva) o “tu”, definindo-se a partir do ser encontrado: “minha identidade reside na verdade e no bem que me vem de ti”. Tudo isso se passou em uma manhã de festa, no dia da criação.
 
Mas houve também um outro dia em que a revelação se operou, aquele no qual Jesus, se entregando, deu-se sem reserva ao Pai, para que todos os homens fossem salvos. O amor de Deus se expressando no Cristo que se doava na Cruz. Não era uma manhã de festa, mas nessa tarde aconteceu um grande encontro. Um grande e misterioso encontro.
BENTO XVI FALA EM MEIO AMBIENTE
3º Dia

O caminho deste Ano Novo de 2010 clama por redobrada atenção de todos os cidadãos para as sérias ameaças à paz mundial. A mensagem do Santo Padre Bento XVI para o Dia Mundial da Paz, celebrado no primeiro dia deste ano, recorda o Papa João Paulo II em sua mensagem com o tema Paz com Deus criador, paz com toda criação, que é fundamental ter em devida consideração as relações que se estabelecem entre as criaturas de Deus e o universo que as circunda. É incontestável que o desrespeito à natureza é uma causa forte de ameaça à paz mundial. A consciência ecológica, então, “não deve ser reprimida, mas antes favorecida, de maneira que se desenvolva e vá amadurecendo até encontrar expressão adequada em programas e iniciativas concretas”.
 
Há muito tempo a Igreja Católica, pelo Magistério dos Papas, tem alertado e configurado um horizonte ético visando a mudanças para este cenário estarrecedor de desrespeito e vandalismos no tratamento da natureza. O Papa Paulo VI, por ocasião do octogésimo aniversário da encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, insistia que “por motivo de uma exploração inconsiderada da natureza, o homem começa a correr o risco de destruí-la e de vir a ser, também ele, vítima dessa degradação”. Não é outro o cenário mundial, exigindo uma postura diferente dos cidadãos e também um investimento fortíssimo na consciência ecológica, que não deve considerar simplesmente a natureza em si mesma, mas articular esta consideração com a própria condição humana, avaliando seriamente, para intuir modificações no modus vivendi, condutas e cidadania nas sociedades.
 
O Papa Paulo VI, naquela ocasião, fazia uma observação de cunho profético ao dizer que, em consequência, “não só o ambiente material se torna uma ameaça permanente – poluições, lixo, novas doenças, poder destruidor absoluto – mas é o próprio contexto humano que o homem não consegue dominar, criando assim, para o dia de amanhã, um ambiente global que se lhe poderá tornar insuportável. Problema social de grande envergadura, que diz respeito à inteira família humana”.
 
Portanto, a crise ecológica que está em curso precisa ser enfrentada incluindo também como capítulo central tudo o que se refere à ecologia humana. Ora, há um caráter prevalentemente ético que reveste esta crise ecológica. Esta dimensão ética é de responsabilidade de todos os cidadãos. Há uma questão de ordem moral que subjaz no quadro das relações entre as pessoas e a natureza, entre as criaturas e a criação. A degradação ambiental atinge frontalmente a família humana inteira. Hoje, já se fala em refugiados ambientais: pessoas que, em razão da degradação do ambiente onde vivem, se veem obrigadas a abandoná-lo, perdendo os seus bens, suas tradições e os elementos constitutivos de sua identidade.
 
A consideração, por isso, não pode se restringir ao tratamento e busca de soluções para o fenômeno das alterações climáticas, a desertificação, deterioração e perda de produtividade de vastas áreas agrícolas, poluição de rios, nascentes e lençóis de água, a perda da biodiversidade, o aumento das calamidades naturais, o desflorestamento das áreas equatoriais e tropicais. O Papa Bento XVI, em sua mensagem - cuidado pastoral em reacender um horizonte mais largo na consideração desta crise ecológica - indica o quanto se torna urgente o capítulo que trata da responsabilidade pessoal, social e política de cada cidadão.
 
Há um sério impacto no exercício dos direitos humanos, quando se pensa o desenvolvimento, sua concepção e efetivação, o direito à vida, à saúde e à alimentação. Não se pode enfrentar, adequadamente, esta grave crise ecológica sem questionamentos cruciais quanto ao entendimento do desenvolvimento. Também não se pode prescindir de uma aprofundada avaliação, para novos entendimentos e consequente conduta nova, sobre a visão do homem e das suas relações com os seus semelhantes e com a criação.

O Papa Bento XVI insiste na inadiável revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento e de todos os desdobramentos que o configuram, especialmente a economia. Esta audácia de rever o conjunto do desenvolvimento praticado na sociedade mundial vai revelando a crise cultural e moral do homem contemporâneo. Os sintomas estão se manifestando por toda parte. Os esforços precisam se multiplicar, em programas grandes e miúdos, para que uma profunda renovação cultural ocorra. O remédio para a crise ecológica não pode ser simplesmente aplicado na natureza. É preciso redescobrir aqueles valores que constituem o alicerce firme para construir um futuro melhor para todos.

(Texto de Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte).

Fonte: Arquidiocese de Natal

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